Salem: Tour Noturno de Fantasmas com Histórias dos Julgamentos das Bruxas

4.63

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Como é a experiência?

Já estávamos reunidos perto da Essex Street quando nosso guia, Matt, apareceu com um casaco velho e surrado — parecia ter saído de outro século. Ele sorriu e nos chamou para perto, e logo deu para sentir a mudança no ar. Tem algo em Salem à noite; as calçadas de tijolos ainda guardam o calor do dia, mas sempre tem aquele friozinho que escapa pelos tornozelos. Eu ficava olhando para as janelas acima da gente — algumas piscavam com a luz azul da TV, outras só refletiam nosso grupo.

Matt começou contando a história de Bridget Bishop, que me fez arrepiar (não só por causa do frio). Ele não apressou a fala; deixou o silêncio tomar conta depois de falar dos Julgamentos das Bruxas, como se quisesse que a gente preenchesse as lacunas. Quando chegamos ao Cemitério da Charter Street, não podíamos entrar — regras da cidade — mas nos encostamos nos portões de ferro mesmo assim, espiando enquanto Matt apontava onde alguns nomes ainda aparecem em pedras desgastadas. Alguém atrás de mim sussurrou que sentia cheiro de lilás, mesmo sendo outubro. Talvez fosse verdade. Eu só peguei cheiro de folhas molhadas e um toque doce vindo de uma padaria na esquina.

O tour noturno por Salem passou por cantos que eu jamais encontraria sozinho. Em um momento, cruzamos um jardim de igreja onde Matt pediu para pisar com cuidado — dizem que há túmulos puritanos sem marcação ali embaixo (ele falou tão naturalmente que quase ri). Falamos também dos filmes gravados aqui; “Hocus Pocus” surgiu na conversa e algumas pessoas até tentaram reencenar uma cena ali na calçada. Ninguém se importou se ficou bobo — era assim que a gente se sentia, caminhando junto nessas ruas no escuro.

Não esperava sentir tanto diante do Memorial dos Julgamentos das Bruxas. As pedras são simples, mas carregam um peso; as pessoas deixaram bilhetes e moedas ali. Ficou um silêncio por um instante — até o Matt deixou — e pensei em todos aqueles nomes gravados na pedra por algo que nunca fizeram. Sinceramente, ainda me pego lembrando desse momento quando o barulho toma conta lá em casa.