Lyon: Degustação de Vinhos de Borgonha, Beaujolais e Rhône com Sommelier

4.96

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Como é a experiência?

Confesso que fiquei meio nervoso com meu francês ao entrar naquele antigo loft de seda no centro de Lyon — tem algo em falar “Beaujolais” em voz alta que me fez duvidar da pronúncia. Nossa sommelier, Camille, só sorriu e serviu a primeira taça (um Crémant de Bourgogne, cheio de bolhas e sabor de maçã verde), acho que ela já ouviu coisa pior. O lugar tinha um cheiro leve de pão tostado e um toque floral — talvez das vigas de madeira? Éramos só oito ao redor daquela mesa comprida, o que deixou o clima mais de jantar entre amigos do que aula.

Camille tinha um jeito de falar sobre vinho que não me fez sentir bobo por não saber diferenciar Syrah de Gamay. Ela apontou para o mapa na parede — e realmente, Lyon fica bem no meio de Borgonha, Beaujolais e do Norte do Rhône. Cada vinho vinha com uma história: uma garrafa de um vinhedo familiar onde o produtor ainda usa a prensa do avô; outra “curinga” com gosto de cereja e um toque terroso que eu não consegui identificar direito. Tentei repetir a palavra terroir, mas provavelmente estraguei — Camille só riu.

A tábua de queijos e embutidos era quase bonita demais para comer (quase). Fatias salgadas de saucisson, queijo Saint-Marcellin cremoso, pedaços de baguete — daquele tipo que deixa farinha nos dedos. Conversamos sobre tudo, desde mercados de comida até o calor de Lyon em julho (o ar-condicionado dali é coisa séria). Alguém perguntou se dava para fazer um bate-volta para todas essas regiões vinícolas saindo de Lyon — Camille disse que dava para tentar, mas pra quê dirigir tanto se pode provar tudo ali? Fiquei pensando nisso. Ainda lembro do último gole do Rhône Norte — um pouco defumado, quase apimentado — e como todo mundo ficou em silêncio por um instante depois de provar. É engraçado como o vinho faz isso.