Lyon: Tour a Pé pelas Traboules, Croix-Rousse e Vieux Lyon com Histórias

4.94

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Como é a experiência?

O que mais me marcou foi o eco dos meus próprios passos dentro de uma daquelas traboules — os corredores escondidos que serpenteiam sob os prédios antigos do Vieux Lyon. O ar era mais fresco lá dentro, quase úmido, e nossa guia (acho que se chamava Camille) parou para a gente escutar. Alguém no andar de cima tocava piano, bem baixinho. Lembro de encostar na parede de pedra — lisa em alguns pontos, quebradiça em outros. Camille contou como os trabalhadores da seda usavam esses atalhos para levar seus tecidos preciosos em segurança, mesmo em dias de chuva ou protestos. Nunca tinha pensado em como o clima pode influenciar o jeito que uma cidade é feita até aquele momento.

Croix-Rousse tinha uma vibe diferente — mais leve, com murais coloridos nas paredes e cafés pequenos onde parecia que todo mundo se conhecia. Paramos na Fresque des Lyonnais (aquele mural enorme com os rostos dos locais famosos). Camille apontou para Paul Bocuse e Antoine de Saint-Exupéry, mas eu fiquei mais distraído com uma criança no patinete quase derrubando a baguete de um senhor. O cheiro no ar era uma mistura de pão assando com algo doce — talvez pralines? O bairro tem um ritmo que dá vontade de ficar por ali.

Andamos por pátios escondidos na Rue Juiverie, onde a luz do sol caía em ângulos estranhos e tudo parecia dourado por um instante. Num canto, uma artista arrumava telas para vender — ela nos cumprimentou com a cabeça, mas continuou pintando. O almoço estava logo ali perto (literalmente), e eu já tinha perdido a noção do tempo. Ainda penso naquela vista do alto do anfiteatro — telhados apertados, roupas secando ao vento como bandeiras. Dá para entender por que tanta gente se encanta por esse lugar.