Cruzeiro no Festival das Luzes de Amsterdam: Bar Aberto e Barco Elétrico

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Como é a experiência?

A primeira coisa que me chamou atenção foi como a cidade parecia vista da água — aquelas casas antigas de Amsterdam inclinadas sobre o canal, com cores vibrantes refletindo no vidro. Acabávamos de embarcar num barco elétrico perto da Praça Rembrandt, quando nosso capitão (Jasper, com aquele humor seco típico holandês) distribuiu cobertores grossos. O ar tinha cheiro de pedra molhada e glühwein, e isso me fez esquecer do frio nas mãos. Alguém atrás de nós tentou falar “Herengracht” e todo mundo riu, inclusive o Jasper. Ele explicou que significa “Canal dos Cavalheiros” — até hoje não consigo falar direito.

Ficava pegando minha caneca de chocolate quente (com um toque de rum — sem julgamentos), enquanto aquelas esculturas de luz flutuantes passavam devagar. Tinha uma em forma de pássaro gigante de origami perto do Museu NEMO; parecia quase viva no escuro. O barco era silencioso, só se ouvia o tilintar dos copos e o zumbido suave do motor elétrico — nada de cheiro de diesel, só aquele ronronar tranquilo sob os pés. Em certo momento, passamos por baixo da Estação Central de Amsterdam toda iluminada, e percebi que nunca tinha visto ela desse ângulo, só da água mesmo. Meio surreal.

Navegamos pelo rio Amstel e depois por baixo da ponte que o Jasper chamou de “a mais romântica” — ele piscou, mas não explicou o motivo. Será que ele fala isso pra todo mundo? De qualquer forma, quando voltamos para a Praça Rembrandt, o pessoal já trocava histórias sobre as luzes favoritas e terminava as canecas de glühwein. Era como estar numa sala de estar ambulante, cercado de estranhos que já não pareciam tão estranhos. Ainda penso naquela vista pelo Herengracht — luzes entrelaçadas nos galhos secos sobre a água — e no silêncio que caiu por um instante antes de alguém começar a cantarolar uma música que não consegui identificar.