Dolomitas: Tour de inverno saindo de Veneza com Cortina e lagos

4.39

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Como é a experiência?

A primeira coisa que percebi foi o barulho da neve sob minhas botas quando saímos em Cortina. Não era um som alto — mais um estalar suave, misturado com o riso distante de alguém perto de um café. Nosso guia, Marco, acenou para a gente e mostrou umas placas antigas em ladino (nem sabia que essa língua existia), e tentei repetir uma palavra. Ele sorriu, mas não corrigiu. O ar estava mais fresco que em Veneza, quase doce, e dava para sentir cheiro de lenha queimando por perto.

Voltamos para a van e seguimos rumo ao Tre Cime di Lavaredo. A estrada serpenteava por florestas cobertas de neve — juro que perdi a noção do tempo só olhando a luz mudar na neve. Quando paramos para o passeio de snowmobile, fiquei na dúvida (não é muito meu estilo), mas foi mais divertido do que assustador. Tem um momento em que você chega no topo de uma colina e, de repente, aquelas três montanhas aparecem — enormes, silenciosas, quase surreais. Marco contou que os alpinistas vêm aqui no verão; hoje éramos só nós e alguns caminhantes agasalhados acenando lá embaixo.

O almoço não estava incluído, mas paramos numa cabana de montanha — pedi uma polenta com queijo que só se encontra por aqui. O lugar cheirava a café e luvas molhadas secando perto do fogão. Depois, passeamos pelo Lago Antorno (ou Lago di Braies, dependendo do clima), onde tudo estava tão silencioso, só o som dos corvos no céu. Tentei descer de trenó entre as árvores uma vez — caí no meio do caminho, mas ninguém ligou.

Até hoje lembro da vista do teleférico do Monte Elmo: nuvens baixas flutuando sobre o vale, o sol brilhando nos pingos de gelo no telhado do refúgio. Não é só riscar pontos turísticos — é se sentir pequeno por um tempo naquele espaço imenso. No caminho de volta para Veneza, todo mundo ficou mais quieto. Acho que ainda estávamos lá em cima, entre aquelas montanhas.