Santuário de Pachacamac perto de Lima: Grupo pequeno e traslado incluso

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Como é a experiência?

O que mais me chamou atenção foi o silêncio — não o silêncio total, mas aquela calma seca que aparece quando a cidade finalmente fica para trás. Tínhamos deixado Miraflores há cerca de uma hora, e agora éramos só nosso pequeno grupo e essa imensidão de deserto costeiro. Nossa guia, Ana, apontou para as paredes baixas e ressecadas ao longe e contou como as pessoas caminhavam até aqui para pedir respostas ou perdão a Pachacamac. Lembro de pensar como era estranho estar tão perto de Lima e, ao mesmo tempo, parecer que havíamos chegado a um lugar antigo e puro.

O museu na entrada me surpreendeu — imaginei que seria uma visita rápida, mas Ana parou para mostrar aqueles ídolos de madeira esculpida e pedaços de tecido antigo. Tem uma peça chamada Ídolo de Pachacamac; ela explicou como ele sobreviveu escondido dos olhos espanhóis por séculos. O ar lá dentro tinha um cheiro leve de pó, madeira velha e terra. Alguém do grupo tentou adivinhar para que servia um vaso (e errou), o que nos fez rir. É curioso como a história fica mais próxima quando você está a centímetros de um copo ou colar perdido há tanto tempo.

Enquanto caminhava em direção ao Templo do Sol, sentindo a areia estalar sob os pés, eu não parava de olhar para o horizonte — de um lado o oceano, do outro dunas sem fim. Depois fomos ao Acllahuasi: Ana explicou que ali viviam e trabalhavam as mulheres do império. Ela descreveu suas vidas de um jeito tão real que quase dava para ouvir elas conversando enquanto faziam as tarefas (ou talvez fosse só o vento). As construções são simples, mas têm uma elegância natural — blocos de adobe claros contra o céu azul. Em um momento, parei para ouvir um gavião que voava por cima, e tudo ficou tão quieto.

Confesso que não esperava sentir tanta coisa num lugar chamado “santuário arqueológico”, mas ver aqueles templos surgindo do nada realmente fica na memória. No caminho de volta para Miraflores, com a pele queimada de sol e areia nos sapatos, fiquei repetindo as histórias da Ana na cabeça — principalmente sobre as oferendas enterradas para o próprio Pachacamac. Dá pra pensar no que deixamos para trás sem nem perceber.