Tour a Pé pelo Muro de Berlim: Histórias e Pontos do Leste de Berlim

4.88

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Como é a experiência?

É curioso como o Hackescher Markt fica tão silencioso pela manhã — só o som dos passos e o tilintar de xícaras de café vindo de algum lugar atrás da gente. Nosso guia, Stefan (com um cachecol azul desbotado), começou com uma piada sobre os berlinenses serem sempre atrasados. Já gostei dele na hora. Seguimos rumo à Friedrichstrasse, e ele apontou como até as placas de rua tinham cores diferentes entre o Leste e o Oeste naquela época. Nunca tinha reparado nisso antes — engraçado o que a gente deixa passar até alguém da região mostrar.

O Palácio das Lágrimas parecia simples à primeira vista, só vidro e concreto, mas Stefan parou ali e contou sobre famílias se despedindo através de janelas grossas. Havia uma foto antiga colada dentro — uma mulher com a mão no vidro — e juro que senti uma dorzinha no peito por um instante. O ar tinha um cheiro meio metálico, talvez vindo dos trens lá embaixo ou só minha imaginação. Continuamos andando pelo que antes era o trajeto do Muro de Berlim; alguns trechos hoje são tão comuns que ninguém imagina o que aconteceu ali, a menos que alguém conte.

O Mauerpark estava mais animado — crianças chutando bola, alguém tocando violão meio desafinado (mas com vontade). Stefan riu quando perguntei se as pessoas já encontraram pedaços do muro nos seus jardins (“Só se forem muito sortudas ou muito antigas,” ele disse). Na Torre de Vigilância da RDA, passei a mão no concreto frio — mais áspero do que eu esperava. Ele contou histórias de tentativas de fuga; uma terminou bem, outra não. Essa ficou comigo mais do que imaginei.

Terminamos perto do Haus Schwarzenberg, onde o grafite cobre cada centímetro e ninguém parece se importar. Meus pés estavam cansados, mas minha cabeça cheia de novas histórias — não só fatos, mas sentimentos também. Ainda penso naquela foto do Palácio das Lágrimas de vez em quando, para ser sincero.