Punta Arenas: Passeio pelo Parque do Estreito de Magalhães e Forte Bulnes

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Como é a experiência?

A primeira coisa que me chamou atenção em Punta Arenas foi o vento. Não é só forte — ele parece envolver você, trazendo aquele frio salgado do Estreito de Magalhães. Nossa guia, Camila, nos encontrou direto no hotel (algo que adorei, já que me perco fácil) e logo estávamos passeando pela cidade. Ela mostrou a Praça Muñoz Gamero — que os locais só chamam de “la plaza” — com suas árvores antigas e aquelas casas imponentes de outra época. Crianças corriam atrás dos pombos, e um senhor vendia nozes torradas na esquina; até hoje lembro daquele cheiro doce e queimado misturado com o ar do mar.

Depois, paramos no Cemitério Municipal de Punta Arenas. Camila contou que a CNN o elegeu um dos cemitérios mais bonitos do mundo — ela parecia orgulhosa, mas também um pouco divertida com isso. O lugar é tranquilo, nada sombrio. Ciprestes por toda parte e túmulos elaborados com nomes de família gravados na pedra. Alguns tinham flores frescas; outros pareciam esquecidos há anos. Fiquei lendo os nomes baixinho — talvez para fazer companhia por um instante? De qualquer forma, isso me fez pensar em todas as pessoas que vieram aqui atrás de algo no fim do mundo.

A viagem para o sul pela Península Brunswick parecia um mergulho fora do mapa. A terra vai ficando mais vazia e selvagem até que, de repente, você está de frente para o Estreito. Chegamos ao Forte Bulnes — um forte de madeira sobre águas geladas e azuis — e Camila contou histórias de como essa foi a primeira colonização chilena aqui em 1843. O vento lá em cima era ainda mais forte; meu cachecol não parava de bater no rosto (desisti de tentar parecer elegante). Por dentro, dava para tocar as paredes de madeira áspera e imaginar como era sobreviver a um inverno aqui. Tem um museu interativo também, mas, sinceramente, só queria ficar um pouco mais lá fora, ouvindo só o vento e as ondas distantes. Às vezes aparecem golfinhos, se a sorte ajudar — dessa vez não vi, mas alguém jurou que viu um passar rápido.

Terminamos em um cafézinho perto do centro de visitantes — um café quente nunca pareceu tão bom depois de horas no clima da Patagônia. Camila riu quando tentei falar “Estrecho de Magallanes” direito (definitivamente não consegui). No caminho de volta, os telhados brilhavam em laranja sob o sol que se despedia, e a Terra do Fogo surgia no horizonte como um lugar secreto chamando para ir mais ao sul. Até hoje me pego pensando naquela vista do Forte Bulnes — a sensação de que a história aqui não é só contada, ela está em cada rajada de vento.