Charleston: Passeio a Pé pelo French Quarter e South of Broad

4.92

(2184 avaliações)

Como é a experiência?

Eu não esperava que o ar de Charleston tivesse ao mesmo tempo cheiro de magnólia e tijolos antigos. Encontramos nossa guia logo na entrada do French Quarter, e ela tinha um jeito de falar que te fazia querer ouvir cada palavra — como se conhecesse todos os segredos que a cidade tenta guardar. Logo estávamos desviando da luz do sol entre as casas pastel de Rainbow Row. Já tinha visto fotos, mas ali, com as cores desgastadas pelo vento salgado e pelo tempo, a sensação era outra. Um casal fazia fotos de casamento e as risadas deles ecoavam pelas janelas — isso fez o lugar parecer menos um museu e mais um bairro onde as pessoas realmente vivem.

O passeio a pé seguia por ruas estreitas onde dava para quase ouvir o som das rodas das carruagens se a gente prestasse bastante atenção. A palavra-chave aqui é “Passeio a pé pelos destaques de Charleston”, mas, na real, não parecia um roteiro corrido ou cheio de tarefas. Na St. Philips Church, nossa guia parou sob os carvalhos cobertos de musgo espanhol (ela chamou de “as joias da cidade”) e contou sobre piratas que foram enterrados ali perto — e que até hoje geram debates entre os moradores. Tentei imaginar os sinos tocando numa manhã úmida, séculos atrás. Teve um momento em que alguém perguntou sobre uma lápide rachada e ela só sorriu: “Essa é outra história longa.”

Passamos pelo Old Exchange & Provost Dungeon — as paredes de pedra pareciam frias mesmo em junho — e ouvimos como aquele lugar foi o centro da vida econômica antes da Revolução. Se você prestasse atenção, sentia um cheiro leve de mar vindo do porto, misturado com algo doce de uma padaria na rua (até hoje não descobri o que estavam assando). Nossa guia deu dicas sinceras de onde almoçar depois — rabiscou nomes no meu mapa com uma caneta quase sem tinta. Ela até brincou que todo mundo em Charleston tem opinião sobre shrimp and grits.

Ainda penso em como ficava silencioso em certos cantos — só o som dos passos nos paralelepípedos antigos e o barulho distante das gaivotas sobre o Cooper River. Nem toda história era bonita, mas nenhuma parecia ser contada de forma superficial. No fim, percebi que não tinha checado o celular por duas horas seguidas, e isso já diz muita coisa hoje em dia.