Creta: Tour de Vinho e Azeite com Vinícola Familiar e Oliveira Milenar

4.85

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Como é a experiência?

Eu não esperava que a estrada serpenteasse tão apertada por aquelas colinas perto de Chania — num instante estávamos passando por muros de pedra seca e cabras, no outro, tudo era encostas verdes e folhas prateadas de oliveira brilhando ao sol. Nossa guia, Eleni, mantinha um comentário tranquilo enquanto balançávamos na minivan (“esse cheiro é tomilho — cresce em todo canto por aqui”). Eu sentia um aroma terroso e doce entrando pela janela aberta. A primeira parada foi numa fábrica de azeite; até hoje lembro do zumbido baixo das máquinas misturado com o rádio ao fundo. O ar lá dentro era fresco, com um toque herbáceo quase picante. Mergulhamos pedaços de pão ali mesmo, quentinho e levemente firme, no azeite recém-prensado. Acho que comi mais do que deveria.

Depois veio o que Eleni chamou de “a velhinha” — era a oliveira mais antiga do mundo, que, sinceramente, parecia capaz de contar histórias se você ficasse tempo suficiente ouvindo. Dois velhinhos jogavam cartas à sombra dela (um deles piscou para a gente quando tentamos adivinhar a idade da árvore). O lugar tinha uma calma que dava vontade de sentar e ficar ali por um tempo, mas logo seguimos para a degustação de vinhos numa vinícola familiar escondida entre fileiras de parreiras. Os donos nos receberam com uma simpatia natural — sem pressa, servindo taças pequenas e contando como o avô deles começou tudo depois da guerra. Tentei pronunciar um dos vinhos brancos; Li riu quando eu errei feio (“não se preocupe,” disse ela, “até os gregos erram”).

A degustação foi super descontraída — nada formal. Sentamos do lado de fora, sob uma pérgola de videiras (as folhas farfalhando acima), provando tintos e brancos enquanto pratos de queijo e azeitonas apareciam sem parar. Um bebê de outra mesa veio até mim e ofereceu um pedaço de pão molhado no azeite; aceitei, porque quem recusaria? O almoço foi simples, mas perfeito: tomates com gosto de tomate de verdade, mais vinho para quem quisesse, histórias sobre colheitas que deram certo ou errado. A essa altura, eu já nem olhava mais no celular para ver as horas.

Na volta para Chania, o silêncio tomou conta do grupo — talvez sonolentos pelo vinho ou apenas hipnotizados pelos infinitos olivais passando pela janela. Tem algo em dividir comida e histórias com estranhos que fica na memória mais do que qualquer foto. Ainda me pego pensando naquela vista sob a velha oliveira de vez em quando.