Islândia: Trekking e Escalada no Gelo no Glaciar Sólheimajökull em Grupo Pequeno

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Como é a experiência?

“Você vai querer chutar com mais força — confia em mim!” Foi o que nosso guia, Jón, gritou enquanto eu encarava a parede de gelo azul à minha frente. Era começo da tarde no glaciar Sólheimajökull, e mesmo com o vento bagunçando meu capuz, eu sentia um cheiro forte e puro no ar — quase metálico. Nosso grupo pequeno tinha encontrado o Jón no estacionamento (ele lembrava o nome de todo mundo, o que é raro), e depois de um certo desconforto para calçar os equipamentos, começamos a andar rangendo sobre o gelo. O som é estranho, mas gostoso — como pisar num saco gigante de ervilhas congeladas.

Já tinha feito trilhas antes, mas essa era diferente. Você não está só caminhando; está aprendendo a “ler” o glaciar. O Jón apontava aquelas fendas profundas que pareciam não ter fim — ele até jogou um pedaço de gelo dentro de uma para ouvirmos o barulho ecoar por um tempão. Havia veios de azul neon no gelo, mais vibrantes do que qualquer foto que eu já tinha visto. Em um momento tentei falar “Sólheimajökull” direito e ganhei uma risada da Li, outra viajante que veio de Singapura só para esse passeio de um dia saindo de Reykjavík. Era bom estar ali com gente que estava meio nervosa, mas animada.

E a parte da escalada no gelo? Sinceramente, não esperava que meu coração fosse disparar só de olhar para aquela parede. Mas o Jón me prendeu na corda, me deu um machado (“Bate com vontade!”), e de repente eu já estava quase no meio da subida, nem percebi meus braços tremendo. As luvas ficaram molhadas, mas eu nem ligava — estava focado em onde colocar o pé a seguir. Quando finalmente cheguei ao topo (meu topo, pelo menos), todo mundo aplaudiu. Não foi nada elegante, mas foi real, sabe?

Voltando pelo glaciar, com as botas pesadas de neve derretida e as bochechas queimando de frio e adrenalina, me peguei sorrindo sem motivo. Tem algo em estar ali — todo aquele silêncio, só nossas vozes ecoando no gelo — que fica na memória muito tempo depois. Até hoje, quando vejo fotos do Sólheimajökull, quase sinto aquele frio de novo.