Roma: Tour Assombrado com Varetas Radiestésicas e Contador de Histórias

4.69

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Como é a experiência?

Nos encontramos com nosso guia bem na Ponte Sant’Angelo, que eu já tinha atravessado de dia, mas nunca tinha reparado direito. À noite, o lugar parecia outro — as estátuas pareciam nos observar, e o Tibre lá embaixo era só uma fita preta e lenta. Nosso guia, Marco (com um cachecol que vivia caindo no rosto), distribuiu as varetas radiestésicas. Ri, porque não imaginava que ia segurar uma dessas em Roma, mas lá estávamos. Ele falou sobre execuções bem onde estávamos, e eu acabei olhando para os meus pés — meio bobo, mas não tem como evitar.

Andamos por vielas estreitas que cheiravam a pedra antiga e chuva do começo da noite. Marco contou sobre envenenadores em uma praça onde as janelas pareciam estranhamente silenciosas para uma cidade como essa. Apontou a Via Giulia e brincou sobre papas que se escondiam — “Aqui ninguém é inocente,” disse, sorrindo. As luzes da rua piscavam no paralelepípedo molhado e, por um instante, achei que alguém estava atrás da gente, mas era só um casal alcançando o grupo. Foi quando Marco nos ensinou a usar as varetas. A minha mal se mexeu, mas a da outra pessoa girou toda e ela deu um pulo, rindo (aquele riso nervoso, eu entendo).

Não esperava que o Campo de’ Fiori tivesse um peso tão forte à noite. Tinha um cheiro de queimado no ar — talvez alguém cozinhando perto, ou só minha imaginação depois de ouvir sobre as bruxas queimadas ali. Marco contou histórias reais de pessoas que morreram de forma horrível bem onde estávamos; ele não enfeitava nada nem transformava em filme. Soava sincero, às vezes até demais. Terminamos perto da Piazza Farnese, com suas paredes de palácio sombrias, e confesso que já estava olhando para trás mais de uma vez.

Roma muda depois do anoitecer — você percebe detalhes que de dia passam batido: uma brisa fria vindo de uma rua, pedaços de grafite antigo quase apagados na pedra, o jeito que os locais passam sem olhar para cima. O tour de fantasmas não foi o que eu esperava; ficou comigo mais tempo do que a maioria das coisas que vejo viajando.