Milford Sound: Passeio de um dia com Cruzeiro e Ônibus com Teto de Vidro

4.65

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Como é a experiência?

A primeira coisa que me chamou atenção foi o silêncio — aquele silêncio estranho que toma conta quando o ônibus sai de Queenstown, com o Lago Wakatipu ali do lado, todo azul e brilhando, mexido só pelo vento. Nosso motorista, Pete (que estava de bermuda mesmo com o frio congelante), apontava como as montanhas abraçavam o lago, como se estivessem ajeitando um cobertor. Tentei tirar fotos, mas acabei só olhando pela janela. A viagem é longa, mas nunca chata — ovelhas por todo lado, nuvens presas nas montanhas, e de vez em quando um raio de sol rompendo a névoa. Alguém atrás de mim cantava baixinho; combinava com o clima.

Paramos no Mirror Lakes e quase ri — eles realmente parecem espelhos quando a luz bate do jeito certo. O ar tinha um cheiro forte, quase metálico, como pedra molhada. Pete contou que os maoris vinham aqui atrás do pounamu (pedra verde), e mostrou um pedacinho que ele achou há anos. Depois veio o Homer Tunnel — confesso que não esperava que fosse tão impressionante: faróis refletindo nas paredes de pedra, todo mundo em silêncio, só uma criança sussurrando “a gente tá passando por baixo da montanha?” Depois disso, enchemos as garrafas no Monkey Creek; água de geleira tem um gosto gelado diferente, se é que faz sentido.

O cruzeiro no Milford Sound é… difícil de explicar. Começou a chover justo quando embarcamos (Pete disse que é normal), e as cachoeiras desciam de todos os lados. O barco chegou tão perto que a água espirrava no meu rosto e meus óculos embaçaram. Teve um momento em que todo mundo ficou em silêncio vendo o Mitre Peak sumir na névoa baixa — ninguém mexeu no celular. O almoço foi simples, mas gostoso; sanduíche tem outro sabor quando você está com frio e cercado por paredões. Até hoje penso em como me senti pequeno ali.