Istambul: Tour pelos Dois Continentes de Ônibus e Cruzeiro pelo Bósforo

4.75

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Como é a experiência?

Quase perdemos o ônibus porque fiquei distraído com um gato de rua na frente do hotel — clássico eu. Nosso guia, Cem, só sorriu e acenou, como se isso fosse rotina. A primeira parada foi a Colina Camlica, do lado asiático. O ar ali em cima tinha aquele friozinho típico da manhã, mas dava para sentir o cheiro dos carrinhos de simit lá embaixo. A 288 metros de altura, com a cidade se espalhando em camadas de névoa e minaretes… não sei, Istambul parecia infinita. Cem apontava os bairros, contando histórias de cada um; brincou que o trânsito era o “quinto elemento” da cidade.

A Mesquita de Camlica é enorme — me senti minúsculo sob aquelas cúpulas. Tinha um cheiro leve de água de rosas no ar (talvez das contas de oração de alguém?), e a luz do sol entrava pelos vitrais criando desenhos estranhos no tapete. Ficamos ali em silêncio por um tempo, depois seguimos para o Palácio Beylerbeyi. Os degraus de mármore estavam gelados mesmo com meus sapatos. Tentei imaginar os sultões por ali, mas o que mais chamou atenção foi o sussurro constante — até o Cem falava baixo.

Atravessar a Ponte do Bósforo foi surreal — você fica literalmente entre dois continentes por uns minutos. O almoço depois foi simples, mas gostoso (até hoje lembro daquela sopa de lentilha), e então fomos para a Mesquita Eyüp Sultan. As pessoas acendiam velas ou ficavam em silêncio; dava vontade de desacelerar também. Na Colina Pierre Loti descemos de teleférico — não foi tão assustador quanto eu pensava — e vimos os velhinhos jogando gamão sob castanheiras enquanto as gaivotas gritavam lá em cima.

O cruzeiro pelo Bósforo ao pôr do sol foi onde tudo se misturou: palácios deslizando dos dois lados, copos de chá tilintando no convés, o vento bagunçando meu cabelo tanto que desisti de arrumar. Cem apontou a Hagia Sophia e a Torre de Galata de longe — pareciam quase pinturas naquela luz. Quando voltamos ao hotel, percebi que meus pés doíam, mas minha cabeça estava cheia de lugares novos e daqueles pequenos momentos que não dá pra planejar, sabe?