Mendoza: Jantar com Tango e Vinhos Huentala na Vinícola Hualta

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Como é a experiência?

Entramos pela porta de vidro da Vinícola Hualta justo quando o céu lá fora ganhava aquele azul profundo que só Mendoza tem. O ar dentro estava mais fresco, com um toque floral — talvez vindo dos jardins, ou só minha imaginação misturando com o cheiro do vinho. Antes mesmo de achar meu lugar, alguém me entregou uma taça. Nosso anfitrião, Martín, sorriu e comentou algo sobre “el ritmo mendocino” — o ritmo local — e eu dei risada porque, com certeza, não tenho esse ritmo. A música ao vivo já chegava suave do outro cômodo, começando baixinho, mas logo você sente o som pulsando no peito.

Às nove, fomos para um espaço VIP intimista (sério, parecia que estávamos entrando nos bastidores), com cada mesa tão perto do palco que dava para ver o sapato dos dançarinos riscando o chão. O show de tango começou devagar — um casal se movendo quase preguiçosamente — mas foi ganhando força até que todos ao redor pararam de falar e só assistiam. Me peguei prendendo a respiração em uma das músicas. A comida chegou em etapas: primeiro algo defumado e salgado (deveria ter perguntado o que era), depois um bife tão macio que mal precisei usar a faca, acompanhado de um vinho tinto com sabor de ameixas e calor de fim de verão. A sobremesa desapareceu antes que eu percebesse.

O melhor? Não tinha nada de formal ou turístico. Martín ficava sempre por perto, servindo mais vinho e explicando detalhes de cada prato — até brincou comigo quando tentei falar “malbec” com sotaque argentino (falhei feio). Em um momento, uma mulher em outra mesa bateu palmas cedo demais e todo mundo riu — inclusive os dançarinos. Tem uma energia aqui que fica com você muito depois do show acabar.