Viagem de um dia de Roma à Toscana: Montepulciano, Pienza e almoço com vinho

4.65

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Como é a experiência?

Ainda lembro quando o ônibus deixou Roma para trás — num instante era só buzinas e scooters, e logo depois só se via colinas verdes se estendendo para todos os lados. Nosso guia, Marco, apontava para os olivais e antigas fazendas que pareciam estar ali há séculos. O ar mudou também; tinha cheiro de terra molhada e algo doce que eu não conseguia identificar no começo. Talvez flores silvestres? Chegamos em Montepulciano antes mesmo de eu terminar meu café (tem Wi-Fi no ônibus, mas confesso que só fiquei olhando a paisagem). A cidade é cheia de ladeiras íngremes e tijolos desgastados — passamos por uma torre de relógio que parecia metade florentina, metade conto de fadas. Marco nos falou sobre o Vino Nobile di Montepulciano enquanto entrávamos numa adega que parecia mais fria que o lado de fora. Tentei agradecer dizendo “grazie” para o rapaz que servia a primeira taça — ele sorriu e corrigiu meu sotaque. Até hoje não acerto.

Depois fomos ao Templo de San Biagio, que fica sozinho num campo, como se alguém tivesse largado uma igreja renascentista no meio do nada. É maior do que parece de perto, toda feita de pedra clara e silenciosa, só o som dos nossos passos ecoando. O almoço foi numa vinícola próxima — três pratos (perdi a conta de quantas taças de Brunello serviram), com uma vista dos vinhedos tão perfeita que parecia até pintura. Alguém na nossa mesa tentou perguntar sobre o azeite em italiano e todo mundo riu quando ela trocou “olio” por “occhio”. O sol deixava tudo mais gostoso; até o pão parecia melhor.

Pienza foi a próxima parada — ruas menores, janelas coloridas, lojinhas vendendo queijo pecorino que você sentia o cheiro antes de ver. Tivemos uns 45 minutos para passear. Comprei um queijo embrulhado em papel que ainda cheirava a palha na volta de ônibus. Sabe aqueles momentos em que você sente que poderia morar num lugar só pela luz ou pelo jeito das pessoas acenarem? Foi assim que me senti em Pienza. No caminho de volta, fiquei pensando em como tudo parecia tão diferente de Roma naquela manhã — mais devagar, mais tranquilo talvez. Acho que nunca mais vou provar um vinho igual àquele.